Moeda virtual, antes bastante popular no mercado negro, ganha adeptos entre pequenos empreendedores da economia formal.
Gretchen Ertl/The New York Times
Os irmãos Cameron (esq.) e Tyler Winklevoss, dizem deter uma fortuna em bitcoins
A moeda conhecida como bitcoin – um dinheiro digital bastante popular e duvidoso que pode ser comprado com dinheiro tradicional – tem chamado atenção principalmente por sua popularidade no mercado negro, e por sua valorização em um giro frenético.
No entanto, alguns empreendedores, investidores e até mesmo comerciantes estão enxergando um uso muito mais difundido para ela. Eles estão convencidos de que a bitcoin, embora não amplamente compreendida, oferece um caminho para processamentos de pagamentos menores e transações mais seguras.
Em vez de usar a bitcoin para comprar armas ilegais nos esconderijos da internet, dizem eles, consumidores comuns a usarão para comprar produtos legalizados em varejistas legalizados – e com a mesma facilidade de passar um cartão de crédito ou trocar notas de papel.
“Estou confiante de que veremos grandes varejistas mundiais adotando sistemas baseados na bitcoin”, declarou Jim Breyer, capitalista de risco do Vale do Silício e um dos primeiros investidores do Facebook – que também participou da diretoria da Walmart Stores por mais de uma década.
Breyer é um investidor da Circle Internet Financial, uma das várias iniciantes tentando encontrar uma forma de transformar a bitcoin em uma moeda amplamente aceita para pagamentos no varejo. A empresa foi fundada por Jeremy Allaire, um empreendedor em série, e pretende ser um sistema de processamento de pagamentos para comerciantes eletrônicos e físicos – similar ao serviço que o PayPal oferece online. Junto a sua empresa de investimentos, a Accel Partners, e outra chamada General Catalyst Partners, Breyer já investiu US$ 9 milhões na iniciante.
Um potencial obstáculo à aceitação em larga escala da bitcoin é a flutuação de seu valor, por vezes alta demais, o que a torna atraente para especuladores monetários, mas pode afastar os consumidores comuns. Uma bitcoin valia pouco mais de US$ 200 em uma quarta-feira de outubro. Alguém que comprou uma bitcoin no começo de abril pagou até US$266 por ela.
No caminho do bem
Apenas um grupo pequeno e heterogêneo de comerciantes aceita hoje a bitcoin como pagamento, e em muitos casos apenas por uma estratégia de marketing. A lista inclui uma adega em British Columbia, o popular site de namoro OkCupid e um carro de lanches em Seattle especializado em sanduíches de queijo.
Uma iniciante chamada Gyft permite que as pessoas comprem cartões-presente para grandes varejistas com a bitcoin, e em outubro, um caixa eletrônico em Vancouver, no Canadá, começou a entregar bitcoins ao público em troca de dinheiro.
“Temos orgulho de ser o site de namoro mais nerd da internet”, afirmou Sam Yagan, cofundador do OkCupid, que pertence à empresa de mídia e internet IAC/InterActiveCorp. “Nós pensamos: isso é legal e deveríamos implementar”.
Desde o surgimento da bitcoin em 2009, muitos dos que adotaram a moeda a celebraram por estar fora das garras de governos e outras instituições. Até recentemente, a moeda lubrificava transações no site Silk Road, um dos maiores mercados online de drogas, documentos falsos e contrabando. O site foi fechado no início de outubro pelas autoridades americanas.
Risco financeiro
Novas bitcoins são criadas em computadores conectados através de uma rede ponto a ponto. Um algoritmo controla a produção de novas bitcoins, buscando reduzir o risco de inflação.
No entanto, empresas transferindo e trocando bitcoins já se encontram na mira das agências reguladoras.
No entanto, empresas transferindo e trocando bitcoins já se encontram na mira das agências reguladoras.
Em março, a Financial Crimes Enforcement Network (rede de opressão a crimes financeiros), parte do Departamento do Tesouro dos EUA, divulgou diretrizes informando que as empresas envolvidas em troca de moedas digitais precisariam se registrar como empresas de serviços monetários e cumprir uma série de regras para impedir a lavagem de dinheiro.
Em agosto, o departamento de serviços financeiros de Nova York iniciou um inquérito para definir diretrizes para negócios com moedas digitais, divulgando quase três dezenas de intimações a iniciantes, investidores e outros envolvidos no campo emergente.
Segundo Patrick M. Byrne, presidente do varejista online Overstock.com, sua empresa estava conversando sobre aceitar a bitcoin, mas que havia decidido interromper seus planos até que as questões legais em torno da moeda sejam esclarecidas.
Custo menor
Fred Ehrsam, cofundador da Coinbase, iniciante que ajuda estabelecimentos a aceitar a bitcoin e ajuda consumidores a obtê-la com a troca de moedas tradicionais, disse que o fim do Silk Road havia dado aos empreendedores e investidores mais confiança na bitcoin.
“Os bandidos basicamente perderam”, argumentou Ehrsam, cuja iniciante recebeu mais de US$ 6 milhões da Union Square Ventures e outros. “Eles pegaram o participante mais ilegítimo de todo o espaço e o apagaram do mapa”.
Defensores da bitcoin, e especialmente os comerciantes, dizem que a promessa mais atraente da moeda é que ela possa reduzir significativamente os custos de processamento de pagamentos.
Os varejistas costumam pagar de 2% a 3% do valor da venda ao cliente quando um cartão de crédito é usado. Eles sempre reclamaram dessas taxas e vinham buscando outras opções, mas sem muita sorte. O PayPal, sistema de pagamentos online, geralmente cobra uma taxa dos comerciantes entre 2,2% e 2,9%, além da taxa de US$ 0,30 centavos por transação.
Os varejistas costumam pagar de 2% a 3% do valor da venda ao cliente quando um cartão de crédito é usado. Eles sempre reclamaram dessas taxas e vinham buscando outras opções, mas sem muita sorte. O PayPal, sistema de pagamentos online, geralmente cobra uma taxa dos comerciantes entre 2,2% e 2,9%, além da taxa de US$ 0,30 centavos por transação.
“Já se falou muito sobre diversas moedas alternativas”, disse Chris Monteiro, um porta-voz da MasterCard. “O principal é que os consumidores querem uma solução de pagamento que seja segura, simples de usar e universalmente aceita”.
Fonte: economia.ig.com.br
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